Se é certo que a necessidade aguça o engenho, então o desespero é uma comporta aberta aos disparates.
Quando LFV andou distraído e se deitou à sombra dos louros da obra feita, pensando com isso obter a carta de foral para um estado de graça que o iria manter imperturbável no poder, estava redondamente enganado, pois não cuidou de saber que só boa vontade e algum jeito apenas remedeia o que está feito, e é sempre escasso para o que ainda falta fazer, sobretudo quando se ignora, de forma lisonjeira, a verdadeira dimensão referencial do Benfica, enquanto clube de futebol com responsabilidades acrescidas no plano desportivo e eclético com que fez e faz jus ao seu nome.
Com LFV na presidência, o futebol passou a ser o parente pobre do clube e uma espécie de regozijo abotoado com que à conta dele se vão buscar uns bons milhões de euros, mas que no fundo não são aproveitados para investimentos e reforços dos plantéis, deixados sempre muito aquém das necessidades da história do clube e das expectativas naturais dos adeptos, que por força deste abandono desleixado, vêem um Benfica cada vez mais transformado numa agremiação snobe de negócios e transacções, de clientes e parcerias, de eventos e startups, de cimentos e tijolos, porque essas coisas da bola, para alguns engravatados iluminados, só causam dores de cabeça e trazem chatices, sobretudo, quando sai fora dos âmbitos e dos propósitos de uma acomodada e aburguesada estrutura, cada vez mais elitista e impopular.
LFV não percebe nada de futebol, isso já todos nós sabemos, e não morre de amores por ele, é uma conclusão mais que óbvia, mas se o amor é como a lua, como diz o povo, quando não cresce é natural que diminua, é isso que se tem verificado, pois a diminuição do prestígio do Benfica além-fronteiras é mais que evidente, em resultado de sucessivas políticas desportivas erradas e inconsequentes, que têm fragilizado a olhos vistos a pujança do Benfica a ponto de, a nível do ranking de clubes da UEFA, ocupar hoje uma modesta posição.
Talvez agora LFV se tenha apercebido, definitivamente e sem modéstias à parte, que as estruturas não ganham campeonatos e, muito possivelmente, já nem sequer cheguem para vencer eleições.
E esse é, sem dúvida, o maior drama existencial com que até hoje o presidente do Benfica se vê confrontado nestas eleições, porque LFV só gosta de desafios e de os disputar, quando, por antecipação, sabe que os pode controlar e ganhar, e não é este o caso.
Esta irritação e nervosismo têm-lhe tirado o sono, e o tempo de que isto eram favas contadas e que em qualquer circunstância seria sempre eleito com uma perna às costas, sem grande esforço e ralação, já não é bem assim, ainda que ele, prepotentemente, achasse que podia comprar tudo, inclusivamente, até o rumo da própria história.
Não se lastima o mal que termina, e ao contrário do que diz o refrão dos bajuladores de serviço, LFV já não faz parte da solução, presente e futura, que se quer implementar no clube, e sendo ele um problema, altamente lesivo e nefasto para a reconfiguração do bom nome e reputação do Benfica, postos muitas vezes em causa, não só pelas encrencas que constantemente apronta, mas também pelas suspeitas que invariavelmente lhe apontam, vai arrastando para a lama da chafurdice um centenário sentimento de paixão e mística e que, muito apropriadamente, o sábio provérbio popular cataloga quando diz, “ó mar, ó mar, ó mar profundo, antes andar nas ondas do mar que nas bocas do mundo”.
Em campanha eleitoral, não pode valer tudo, mas todo este folclore montado à volta do regresso de Jorge Jesus, é uma prova de que vai mesmo valer tudo menos tirar olhos, como o provam esta overdose de gastos em voos de jacto, tarjas e figurantes, tudo escandalosamente a expensas do Benfica, só se esperando que neste tudo ou nada em excesso, não se corra o risco de um clube financeiramente desafogado, como eles dizem, se tornar a breve trecho em mais um clube intervencionado.
Seria pior a emenda que o soneto.
Amo-te, Benfica!
José Reis
Quando LFV andou distraído e se deitou à sombra dos louros da obra feita, pensando com isso obter a carta de foral para um estado de graça que o iria manter imperturbável no poder, estava redondamente enganado, pois não cuidou de saber que só boa vontade e algum jeito apenas remedeia o que está feito, e é sempre escasso para o que ainda falta fazer, sobretudo quando se ignora, de forma lisonjeira, a verdadeira dimensão referencial do Benfica, enquanto clube de futebol com responsabilidades acrescidas no plano desportivo e eclético com que fez e faz jus ao seu nome.
Com LFV na presidência, o futebol passou a ser o parente pobre do clube e uma espécie de regozijo abotoado com que à conta dele se vão buscar uns bons milhões de euros, mas que no fundo não são aproveitados para investimentos e reforços dos plantéis, deixados sempre muito aquém das necessidades da história do clube e das expectativas naturais dos adeptos, que por força deste abandono desleixado, vêem um Benfica cada vez mais transformado numa agremiação snobe de negócios e transacções, de clientes e parcerias, de eventos e startups, de cimentos e tijolos, porque essas coisas da bola, para alguns engravatados iluminados, só causam dores de cabeça e trazem chatices, sobretudo, quando sai fora dos âmbitos e dos propósitos de uma acomodada e aburguesada estrutura, cada vez mais elitista e impopular.
LFV não percebe nada de futebol, isso já todos nós sabemos, e não morre de amores por ele, é uma conclusão mais que óbvia, mas se o amor é como a lua, como diz o povo, quando não cresce é natural que diminua, é isso que se tem verificado, pois a diminuição do prestígio do Benfica além-fronteiras é mais que evidente, em resultado de sucessivas políticas desportivas erradas e inconsequentes, que têm fragilizado a olhos vistos a pujança do Benfica a ponto de, a nível do ranking de clubes da UEFA, ocupar hoje uma modesta posição.
Talvez agora LFV se tenha apercebido, definitivamente e sem modéstias à parte, que as estruturas não ganham campeonatos e, muito possivelmente, já nem sequer cheguem para vencer eleições.
E esse é, sem dúvida, o maior drama existencial com que até hoje o presidente do Benfica se vê confrontado nestas eleições, porque LFV só gosta de desafios e de os disputar, quando, por antecipação, sabe que os pode controlar e ganhar, e não é este o caso.
Esta irritação e nervosismo têm-lhe tirado o sono, e o tempo de que isto eram favas contadas e que em qualquer circunstância seria sempre eleito com uma perna às costas, sem grande esforço e ralação, já não é bem assim, ainda que ele, prepotentemente, achasse que podia comprar tudo, inclusivamente, até o rumo da própria história.
Não se lastima o mal que termina, e ao contrário do que diz o refrão dos bajuladores de serviço, LFV já não faz parte da solução, presente e futura, que se quer implementar no clube, e sendo ele um problema, altamente lesivo e nefasto para a reconfiguração do bom nome e reputação do Benfica, postos muitas vezes em causa, não só pelas encrencas que constantemente apronta, mas também pelas suspeitas que invariavelmente lhe apontam, vai arrastando para a lama da chafurdice um centenário sentimento de paixão e mística e que, muito apropriadamente, o sábio provérbio popular cataloga quando diz, “ó mar, ó mar, ó mar profundo, antes andar nas ondas do mar que nas bocas do mundo”.
Em campanha eleitoral, não pode valer tudo, mas todo este folclore montado à volta do regresso de Jorge Jesus, é uma prova de que vai mesmo valer tudo menos tirar olhos, como o provam esta overdose de gastos em voos de jacto, tarjas e figurantes, tudo escandalosamente a expensas do Benfica, só se esperando que neste tudo ou nada em excesso, não se corra o risco de um clube financeiramente desafogado, como eles dizem, se tornar a breve trecho em mais um clube intervencionado.
Seria pior a emenda que o soneto.
Amo-te, Benfica!
José Reis