LFV tem um complexo intelectual para lidar com a crítica, sobretudo se ela é feita por benfiquistas, a quem despreza e odeia, e por sua vontade, se isso fosse estatutariamente possível, já tinha acabado com essa raça tão exigente e incómoda, que são os sócios, ainda que mal agradecido, precise dos votos destes “chatos empecilhos” para ganhar eleições, porque quanto ao mais, não lhes passa cartão nem confiança nenhuma, e se forem mansinhos e domesticados, tanto melhor, para que a sua liderança não sofra o mínimo desgaste ou contestação.
O que se assistiu na última assembleia geral, foi uma tentativa de resolver com as mãos o que não se consegue explicar pelo argumento da palavra, ao jeito dos ditadores caciqueiros de uma qualquer américa latina, onde nem falta o bigode e o ar sisudo, para lhe conferir mais autenticidade, e que indigna de figurar nos anais da história do Benfica, onde a liberdade e a democracia chegaram cá muito antes do 25 de Abril de 1974 ter chegado ao país, valores e princípios postos agora em risco e sob ameaça de se perderem, pela entrada em cena de um presidente com tiques autoritários de ordinarice, que se julga mais brilhante que o sol e mais adorado que o deus do Olimpo.
LFV, pelos vistos, tem uma maneira muito peculiar de cumprimentar os benfiquistas, apertando-lhes o pescoço, e logo ele, que em matéria de apertos, tanto como presidente como pessoalmente, tem uma vida bem preenchida.
Esta atitude revanchista de ódio e conflitos permanentes, trazidos à liça, por um líder de cabeça perdida e fora da razão, já ultrapassam a razoabilidade da decência e da vergonha, sendo certo, que esta repetida arrogância e hipocrisia irá virar-se contra ele próprio, quando a falência de argumentos válidos já não for suficiente para contrariar uma oposição cada mais mobilizada e desperta, que já percebeu que o tempo de agir na defesa intransigente do Benfica, não se pode adiar por muito mais tempo, nem nos compadecermos em ficar à espera por finais de mandatos que se eternizam e se corrompem autofagicamente, sob pena de vermos o nosso clube, desportivamente, a definhar cada vez mais.
LFV tem de perceber uma coisa, porventura que a sua avidez e cegueira pelo poder não o deixam enxergar, e que os “yes man” que orbitam à sua volta ainda não lhe explicaram, é que o Benfica não começou com LFV e certamente que não acabará no dia em que ele tiver o bom senso de sair, é tão simples quanto isso, e um clube não se resume apenas a um homem ou a uma obra, é muito menos ao descaramento ridículo de achar que o clube é ele próprio, e para além dele, nada mais existir do que a insignificância de todos os outros.
Lembram-se quando LFV, fazia constantes chantagens aos sócios, sempre que a sua liderança era alvo de críticas e reparos, ameaçando, por diversas vezes, bater com a porta para se dedicar mais à família, mas que no fundo não passava de uma conversa fiada de alguém que desdenha para comprar, tipo “agarrem-me, se não vou-me embora”?
Pois bem, hoje em dia, ele não quer sair do Benfica por nada deste mundo, nem que volte a haver outro terramoto idêntico ao que ocorreu em 1755, e porventura, convenceu-se que ele próprio encarna hoje o Marquês de Pombal, o eleito para fazer a reconstrução do Benfica, a exemplo do estadista que reconstruiu Lisboa, e assim sendo, não pode abandonar o clube, para levar por diante todas as conclusões de obras e infraestruturas, dando-se nota, de que o slogan pombalino à época “enterrem-se os mortos e salvem-se os vivos”, na óptica vieirista actual, será mais “enterre-se a componente desportiva e salve-se a vertente comercial do negócio”, pois a construção de um colégio ou de uma unidade hoteleira, é que reforçarão o Benfica na champions league, e com sorte, se passarmos a fase de grupos, ainda se poderá avançar para um centro de alto rendimento, vocacionado para o treino e aperfeiçoamento das moedas e notas de euros, tendo em vista futuros investimentos em raspadinhas, intermediações e comissões.
Que tristeza!...
Amo-te, Benfica! José Reis