"E quando os outros ganharem teremos que os aplaudir, para que também nos deem valor quando ganharmos”.
Mais coisa menos coisa foi o que Bruno Lage, qual Bandarra, disse aos adeptos, em pleno Marquês, quando comemoravam uma histórica vitória no campeonato!
Estas declarações tiveram o efeito dum balde de água, bem gelada, entre aqueles.
Que efeito terão tido estas desastrosas declarações nos adeptos e jogadores? Em que medida influenciaram a reviravolta no campeonato? Não sei.
Tendo-se desenrolado o campeonato sob tremenda hostilidade institucional contra o clube, com sucessivas e avultadas multas, com sucessivas penas de interdição do estádio, com permanentes enxovalhos na praça pública e ameaças via Ministério Público, com a guerra suja permanente dos principais rivais, a palavra de ordem das comemorações deveria ser a de afirmar a justiça da vitória e reivindicar o reconhecimento do mérito da mesma!
E cá estamos nós, adeptos, a aplaudir a vitória dum adversário que despreza, desvaloriza e desconsidera, reiteradamente as do nosso clube!
Na conferência de imprensa da véspera do Benfica-Porto pergunta o jornalista a Bruno Lage, então o nosso herói -algo do tipo: “-Se o Benfica ganhar ficará a dez pontos. Acha que, a verificar-se, o campeonato ficará decidido?
-Nada disso, lembrem-se de que, no ano passado, também íamos a sete pontos e ainda fomos ganhar!
Pode voltar a acontecer!”
E aconteceu!
Que efeito terão estas desastradas declarações nos adeptos e jogadores? Em que medida é que influenciaram a reviravolta no campeonato? Não sei.
No entanto estou convicto de que, num e noutro caso desfez-se o mito do líder. Bruno Laje perdeu a equipa nesse momento. O fator motivacional degradou-se a partir daí. Via-se no terreno de jogo; indisciplina no posicionamento coletivo, baixa intensidade, dinâmica residual, afunilamento ofensivo, determinação insuficiente…percebia-se que o Treinador não sabia que fazer.
Numa equipa com vários desequilíbrios, percebeu-se que perdera a confiança dos jogadores. Porém, terá sido essa a única causa?
É inegável, para mim, que a ausência de público dos estádios agravou a crise desportiva da equipa do Benfica, mais que a qualquer outra. Pela simples razão de que, à excepção de Alvalade e do Dragão, o Benfica joga quase sempre “em casa”.
Uma realidade contra a qual o principal rival vinha a reclamar desde há uns anos, através dos seus barões da comunicação social. Ele há coincidências do “arco da velha”.
Mas, não terão havido outras razões? Sim.
Quanto a mim houve outras razões de peso.
A equipa iniciou o campeonato com algumas posições fragilizadas; na baliza faltou um segundo guarda-redes à altura de Odisseias, na defesa faltaram opções válidas em todas as posições, em especial no eixo e no lado direito -Jardel passara quase toda a época anterior lesionado, Ferro, desde a mesma época que revelara quebra persistente de forma e André Almeida, depois de ter jogado lesionado a ponta final do campeonato anterior, continuou de fora da equipa durante quase meio campeonato, no meio-campo faltava criatividade, com Gabriel ausente por lesão quase toda a época, Pizzi e Tharabt faziam as despesas do setor-
Na frente faltaram extremos clássicos conduzindo ao afunilamento do jogo e ao sub-rendimento dos pontas e lança.
No final da primeira volta tudo isto estava claro.
O Benfica tinha os cofres bem recheados - quase cem milhões de euros à ordem! Porque se prescindiu de segurar o Sálvio, recuperado de lesão, e não se fez um esforço para assegurar o regresso de Gaitan, disponível e cheio de vontade de voltar ao clube? Ambos trariam a motivação, a criatividade e qualidade de jogo de que a equipa carecia! O suficiente para ter ganho!
A pergunta maldita que paira na cabeça de muitos bons benfiquistas é esta: será que os dirigentes do Benfica quiseram mesmo ganhar? Não sei. Mas sei que agiram como se não estivessem interessados na vitória.
Mesmo a substituição de Lage, um gesto sempre penoso, foi efectuada com a equipa irremediavelmente afastada do título.
O choque motivacional nos jogadores veio demasiado tarde! O principal rival, falido, falhara a liquidação, na maturidade, do empréstimo obrigacionista, e consta que recorreu a empréstimo bancário para pagar salários.
A segunda pergunta maldita que paira na cabeça de muitos bons benfiquistas é esta: será que os dirigentes do Benfica decidiram “dar a mão” ao rival, sob intervenção da UEFA, para o ajudar a sair do fosso económico, financeiro e institucional em que se encontra? Um rival que, desde há décadas, tudo tem feito para enxovalhar, desacreditar e aniquilar o Benfica?
Inevitavelmente, surge a terceira pergunta maldita; afinal, os atuais dirigentes do Benfica defendem os interesses do clube que dirigem ou são “cavalos de troia” dos rivais? As cumplicidades do passado, os insucessos do penta e do campeonato que hoje termina sustentam a dúvida.
Dúvida que tem de ser firmemente erradicada, com recurso a novos protagonistas, reconstruindo-se a identidade secular do Benfica que se resume a uma só palavra: GANHAR!
Tudo o mais, é de menos.
Peniche, 25 de Julho de 2020
António Barreto
Mais coisa menos coisa foi o que Bruno Lage, qual Bandarra, disse aos adeptos, em pleno Marquês, quando comemoravam uma histórica vitória no campeonato!
Estas declarações tiveram o efeito dum balde de água, bem gelada, entre aqueles.
Que efeito terão tido estas desastrosas declarações nos adeptos e jogadores? Em que medida influenciaram a reviravolta no campeonato? Não sei.
Tendo-se desenrolado o campeonato sob tremenda hostilidade institucional contra o clube, com sucessivas e avultadas multas, com sucessivas penas de interdição do estádio, com permanentes enxovalhos na praça pública e ameaças via Ministério Público, com a guerra suja permanente dos principais rivais, a palavra de ordem das comemorações deveria ser a de afirmar a justiça da vitória e reivindicar o reconhecimento do mérito da mesma!
E cá estamos nós, adeptos, a aplaudir a vitória dum adversário que despreza, desvaloriza e desconsidera, reiteradamente as do nosso clube!
Na conferência de imprensa da véspera do Benfica-Porto pergunta o jornalista a Bruno Lage, então o nosso herói -algo do tipo: “-Se o Benfica ganhar ficará a dez pontos. Acha que, a verificar-se, o campeonato ficará decidido?
-Nada disso, lembrem-se de que, no ano passado, também íamos a sete pontos e ainda fomos ganhar!
Pode voltar a acontecer!”
E aconteceu!
Que efeito terão estas desastradas declarações nos adeptos e jogadores? Em que medida é que influenciaram a reviravolta no campeonato? Não sei.
No entanto estou convicto de que, num e noutro caso desfez-se o mito do líder. Bruno Laje perdeu a equipa nesse momento. O fator motivacional degradou-se a partir daí. Via-se no terreno de jogo; indisciplina no posicionamento coletivo, baixa intensidade, dinâmica residual, afunilamento ofensivo, determinação insuficiente…percebia-se que o Treinador não sabia que fazer.
Numa equipa com vários desequilíbrios, percebeu-se que perdera a confiança dos jogadores. Porém, terá sido essa a única causa?
É inegável, para mim, que a ausência de público dos estádios agravou a crise desportiva da equipa do Benfica, mais que a qualquer outra. Pela simples razão de que, à excepção de Alvalade e do Dragão, o Benfica joga quase sempre “em casa”.
Uma realidade contra a qual o principal rival vinha a reclamar desde há uns anos, através dos seus barões da comunicação social. Ele há coincidências do “arco da velha”.
Mas, não terão havido outras razões? Sim.
Quanto a mim houve outras razões de peso.
A equipa iniciou o campeonato com algumas posições fragilizadas; na baliza faltou um segundo guarda-redes à altura de Odisseias, na defesa faltaram opções válidas em todas as posições, em especial no eixo e no lado direito -Jardel passara quase toda a época anterior lesionado, Ferro, desde a mesma época que revelara quebra persistente de forma e André Almeida, depois de ter jogado lesionado a ponta final do campeonato anterior, continuou de fora da equipa durante quase meio campeonato, no meio-campo faltava criatividade, com Gabriel ausente por lesão quase toda a época, Pizzi e Tharabt faziam as despesas do setor-
Na frente faltaram extremos clássicos conduzindo ao afunilamento do jogo e ao sub-rendimento dos pontas e lança.
No final da primeira volta tudo isto estava claro.
O Benfica tinha os cofres bem recheados - quase cem milhões de euros à ordem! Porque se prescindiu de segurar o Sálvio, recuperado de lesão, e não se fez um esforço para assegurar o regresso de Gaitan, disponível e cheio de vontade de voltar ao clube? Ambos trariam a motivação, a criatividade e qualidade de jogo de que a equipa carecia! O suficiente para ter ganho!
A pergunta maldita que paira na cabeça de muitos bons benfiquistas é esta: será que os dirigentes do Benfica quiseram mesmo ganhar? Não sei. Mas sei que agiram como se não estivessem interessados na vitória.
Mesmo a substituição de Lage, um gesto sempre penoso, foi efectuada com a equipa irremediavelmente afastada do título.
O choque motivacional nos jogadores veio demasiado tarde! O principal rival, falido, falhara a liquidação, na maturidade, do empréstimo obrigacionista, e consta que recorreu a empréstimo bancário para pagar salários.
A segunda pergunta maldita que paira na cabeça de muitos bons benfiquistas é esta: será que os dirigentes do Benfica decidiram “dar a mão” ao rival, sob intervenção da UEFA, para o ajudar a sair do fosso económico, financeiro e institucional em que se encontra? Um rival que, desde há décadas, tudo tem feito para enxovalhar, desacreditar e aniquilar o Benfica?
Inevitavelmente, surge a terceira pergunta maldita; afinal, os atuais dirigentes do Benfica defendem os interesses do clube que dirigem ou são “cavalos de troia” dos rivais? As cumplicidades do passado, os insucessos do penta e do campeonato que hoje termina sustentam a dúvida.
Dúvida que tem de ser firmemente erradicada, com recurso a novos protagonistas, reconstruindo-se a identidade secular do Benfica que se resume a uma só palavra: GANHAR!
Tudo o mais, é de menos.
Peniche, 25 de Julho de 2020
António Barreto