Rui Costa, confirmado que está como candidato à presidência do Benfica, não pode agora fazer como o gato do provérbio, esconder-se atrás do biombo, deixando algumas questões de fora por responder, pois chegou a hora de definir estratégias e anunciar nomes, sem sofismas nem subterfúgios, que o vão suportar e acompanhar nesta caminhada, e que os sócios votantes desejam ver esclarecida de uma vez por todas.
Utilizar a mesma táctica de distanciamento e de fuga permanente aos debates, como ardilosamente fazia LFV, não é a solução mais aconselhável e inteligente, sobretudo se não tiver nada a temer, e de alguma forma, se queira demarcar e fazer a diferença, sem o ferrete odioso de um passado recente, afastando de si todos os escolhos e empecilhos que possam perturbar ou importunar a assumpção plena de uma vontade e identidade próprias.
Rui Costa sabe, ou pelo menos devia fazer um esforço para perceber, que os mesmos que carregaram durante anos com Vieira às costas, são os mesmos que se vão oferecer para andar com Rui Costa às cavalitas, porque este género de gente, servil e bajuladora, interesseira e calculista, vão sempre andar por aí, disposta a vender a alma ao diabo por troca de um prato de lentilhas, sempre à coca e à espreita de uma oportunidade para obter um favor ou uma avença, que os realize e satisfaça na sua condição natural de parasitas.
Dar chão e azo a esta alcateia de pulhas inúteis e conferir-lhes estatuto e autonomia para poderem interferir, ou até mesmo influenciar, nas acções e decisões que possam vir a ser tomadas, é um caminho perigoso e cheio de armadilhas que convém de todo evitar, por mais ingénuas e inexperientes que sejam as nossas vivências, ou por mais exíguas e humildes que sejam as nossas expectativas.
E se é verdade que o homem é ele próprio e as suas circunstâncias, e o facto de Rui Costa ir a votos numa altura em que o Benfica está a ganhar, isso fará dele um candidato tranquilo à presidência do Glorioso e também um antecipado e consensual vencedor das eleições, até porque a tímida oposição, por mais isto ou por menos aquilo que possa argumentar, decidiu retirar-se e não ir a jogo por falta de comparência e alguma incoerência, pese embora todo o voluntarismo táctico de Francisco Benitez, que nunca se sabe se vai até ao fim ou se desiste perto da meta, na presunção de que Rui Costa o convide para integrar a sua lista, nem que seja para chefe-mordomo de cerimónias ou para funcionário abre-alas com vínculo precário.
Rui Costa vai ganhar as eleições, resta saber se ganhará os Benfiquistas, unindo-os e convencendo-os.
Ele próprio reconhecerá que a imagem que hoje suscita junto do universo encarnado é polémica e discutível, bem diferente, para pior, daquela que tinha como jogador virtuoso com bola nos pés, e esta já não se melhora nem se aperfeiçoa com a mestria de um passe rasgado ou com a subtileza de um golo coreografado, faz-se e vê-se pelo arrojo quando se tem de agir e pela firmeza inabalável quando se tem de decidir, não em prol de proveitos exclusivos de alguém, mas dos superiores interesses do Benfica, pois só esses é que contam.
Mas se Rui Costa insistir em ir com o Pedro para a guerra do alecrim, colocar o Carlos de sentinela à janela da manjerona e convidar o Jorge para as bodas de Caná, na presunção de que este Jesus ainda possua a capacidade milagrosa de transformar a água que já não move moinhos em revigorante vinho de celebrações, então o perigo de descarrilamento manter-se-á, e o novo ou remendado projecto, anunciado pomposamente pelas trombetas, não passará do prelo das meras intenções e das triviais promessas, e num ápice se esboroará como um castelo de areia ao mais leve embate da primeira onda.
Amo-te, Benfica!
José Reis
Sublime!
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