Os planos para a criação de uma superliga europeia irão inevitavelmente acelerar, como única resposta para a viabilização de novas formas de financiamento para os clubes de futebol, hoje por hoje, a braços com uma profunda depauperação das suas receitas, em consequência directa pela falta de adeptos nas bancadas, que obviamente lhes retira toda a carga vibrante e emotiva e o fulgor competitivo, desconhecendo-se até quando vão elas permanecer vazias e em completo silêncio.
Esta espiral de muitas dúvidas e demasiadas incertezas, farão apertar ainda mais o colete de forças dos condicionalismos dos novos tempos que se avizinham, que por certo irão influir, e de que maneira, na capacidade de regeneração de alguns clubes, que sem o sustento cómodo dos direitos televisivos e das vendas de jogadores, nem o amparo das receitas de merchandising e de bilheteira, ficarão à mercê da quase extinção.
Os maiores clubes europeus e também os mais ricos e poderosos, poderão, em última análise, ainda vir a beneficiar, por mais algum tempo, do seu estatuto e importância, em função e valor do ranking amealhado que ocupam na tabela.
E se os mercados americanos, asiáticos e árabes, continuam a ser de escoamento para jogadores e treinadores que queiram melhorar as suas condições contratuais e de reforma, nunca o serão, a nível competitivo e desportivo, uma concorrência ao que o velho continente europeu tem para dar e oferecer.
Completamente alheado destas novas realidades que já estão na forja para acontecerem e avançarem, o Benfica continua a dormir na parada, por falta inequívoca de uma voz de comando de uma direcção autista e desleixada, sem qualquer visão de futuro, que apostando na construção de plantéis fracos, conduziram ao acumular de más prestações feitas na Europa, pagando hoje a factura de um claro abaixamento de prestígio, que nos empurrou para um segundo nível competitivo, e perante uma crise tão grave e gravosa como a que estamos a atravessar, o Benfica corre um sério risco, assim como outros emblemas nas mesmas condições, de perder o comboio e ficar de fora desta futura superliga, levado na enxurrada como os demais distraídos, para patamares de pura insignificância.
A criação de um novo modelo fechado por convite, que estará na génese desta superliga, poderá significar a morte lenta de clubes como o Benfica, se na prática, isto é, dentro das quatro linhas, nada se fizer, porque não basta dizer-se pomposamente que estamos 10 anos à frente, quando, na verdade, nas últimas duas décadas se andou vertiginosamente para trás, por culpa e responsabilidade de um presidente, que dispôs de todas as condições, de poder, com sucessivos mandatos que lhe conferiram os sócios, e financeiras, com vendas desenfreadas dos melhores jogadores sem serem compensadas por igual critério de qualidade nas compras, e o resultado está à vista: transformou um clube de futebol num mero entreposto negocial de uma rede de interesses e de influências que gravitam em torno do Benfica e que estrangulam a sua emancipação e desenvolvimento, que mais não têm feito e contribuído do que assinar a certidão de óbito de um grande clube europeu, que hoje já não se parece com nada, na descaracterização do símbolo e do encarnado das suas camisolas, à imagem de um presidente, absolutamente desprovido de moral e ética benfiquista e de competência para continuar a gerir os destinos do glorioso Benfica de Cosme Damião.
Amo-te, Benfica!
José Reis
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