A entrevista foi um contínuo exercício de confronto, ressentimento e azedume para com os Benfiquistas!
Comentário oportuno do Alberto Miguéns e que comungo inteiramente.
Vi uma boa parte da entrevista mas já em diferido e mesmo assim deu para me enervar.
A ideia que me veio à cabeça mais vezes é que se temos um presidente incapaz de perceber o Benfica. Não percebe a essência do Clube.
Desde pequeno que vejo no Estádio uma cultura de exigência, de ambição, de cobrança contínua a quem quer que esteja a representar o Clube em competição. É isso que fez a grandeza competitiva do Clube e o orgulho dos seus sócios e adeptos.
A sensação de contribuir para uma construção colectiva vencedora. A alegria de vencer. A exigência de mais, cada vez mais. De nunca estar satisfeito. Ao invés vemos um presidente dizer que não se pode ganhar sempre e mostrar-se perfeitamente à vontade com isso.
A entrevista foi um contínuo exercício de confronto, de ressentimento e azedume para com os Benfiquistas. Mais grave ainda, adjectivou os Benfiquistas de uma forma que me escuso a dizer aqui.
Inconcebível.
Ressentido como se estivéssemos a falar de um CEO numa empresa em que os empregados devessem ter "respeitinho" perante a autoridade. Como se o Benfica tivesse deixado de ser um espaço livre e democrático. Ainda não, sr. presidente.
Depois, é confirmar que este presidente não tem um pingo de paixão desportiva. A sua essência é desprovida de Benfiquismo, cingindo-se à valorização da componente empresarial e financeira. Foi aliás evidente em diversas ocasiões que o Sr. Pedro Pinto tinha que o centrar para o guião que no caso era e resposta a questões desportivas pois a percepção do presidente era invariavelmente para a parte do negócio.
Esta degradação competitiva e institucional explica-se muito por via desse autismo, dessa negação mais básica do que é Ser Benfiquista.
Quando se olha para os verdadeiros grandes presidentes do Benfica percebe-se que Ferreira Bogalho, Borges Coutinho, Maurício Vieira de Brito, e outros do mesmo calibre, tinham a paixão pelo jogo.
Paixão pelo jogo.
E aqui em particular naquele dia da fundação do Benfica, como não lembrar as palavras de Cosme Damião: "Veio primeiro a ideia do jogo, pelo prazer de jogar. A ideia do Clube seguiu-se à paixão do triunfo.".
Perceber isto é perceber a essência do Benfica.
Não se pode descurar a componente empresarial mas não se pode alienar o jogo em função do negócio puro e duro. Sem paixão mas apenas pelo cifrão.
Para terminar saliento a gravidade do revisionismo e da ingonrância quanto à História do Clube.
Para além do que o Alberto referiu com toda a propriedade sobre Cosme Damião, na lista dos 24 fundadores existiam jovens de famílias com as mais diversas proveniências e capacidade financeira.
E se Cosme Damião não nasceu em berço de ouro e subiu na vida pela esmerada educação que recebeu na Casa Pia e claro pela sua capacidade moral e intelectual, outros nasceram em berço de ouro.
Cito apenas o caso de Raul Empis, filho de um dos homens mais ricos desse tempo e que em 1904 habitava com a sua família no Palácio de Burnay, propriedade de um familiar próximo do pai, chamado Henri Burnay.
Costumo dizer que na fundação do Benfica havia filhos de vaqueiros e de banqueiros, e aí se definiu desde início a grandeza do Ideal Benfiquista.
E, viva o Benfica!
Victor Carocha
03 Março, 2021
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