A noite de hoje foi marcada pela entrevista do presidente do nosso Clube. Foi uma entrevista bem conduzida e que mostrou um presidente que vive alheado do Sport Lisboa e Benfica, clube desportivo.
Um presidente que se reduz a uma visão comercial, empresarial do Clube. Alguém que acha que os Benfiquistas se devem conformar com as derrotas. Que acha que as opiniões diferentes da sua são anti-Benfiquistas. Que fala de forma ligeira da recente demissão do presidente da mesa da assembleia geral. Uma trivialidade que se resolve com um almoço.
Vimos um presidente em auto-elogio constante. Que se considera o "melhor presidente da História do Benfica". Uma falta de humildade que em nada se coaduna com a tradição dos nosso dirigentes, especialmente aqueles dos períodos - esses sim - da nossa História. Comparar esta postura com a que mostraram gigantes como Joaquim Ferreira Bogalho, Maurício Vieira de Brito. Borges Coutinho...
Estamos neste ponto: o Benfica segundo o Sr. Vieira é bom para vender, para construir e gerir infraestruturas, para alienar tudo para obter contas volumosas, para distribuir mais valias. Só não é bom para os Benfiquistas que se preocupam com o bem do seu Clube, com o desempenho e com as vitórias dos seus atletas e das suas equipas. Deixou de ser prioritário vencer. Deixou de ser prioritário investir nos planteis e fazer tudo dentro de campo para conquistar as vitórias. Temos agora um presidente que não percebe nem valoriza a insatisfação permanente dos seus sócios e adeptos. Que não percebe a essência do nosso Clube, aquilo que fez a sua grandeza.
Para o Sr. presidente o Benfica é a visão dele. Reduz-se ao projecto que ele tem na cabeça. É somente a instituição que ele moldou e na qual trabalha permanentemente cada vez mais alheado dos Benfiquistas, cada vez mais privilegiando os clientes.
Temos agora o "melhor relatório de contas da História". Temos o "melhor presidente da História do Benfica". Só não temos o melhor Benfica da História. Bem longe disso. Cada vez mais longe disso. Estamos num reino de um surrealismo egocêntrico, sem comparação na nossa História. Alguém que acha que o Clube é ele.
É preciso, é imperioso mudar.
Victor Carocha
Comentário editado no EDDB