Esta direcção não tem um rumo definido, ao contrário do que falsamente apregoa, ela prefere reger-se por uma estratégia comodista no conforto dos gabinetes, ao sabor do vento e das circunstâncias, e a mudar de paradigma só o fará em última instância e no limite da turbulência anunciada, quando for confrontada pelos danos das derrotas ou pelo barulho ensurdecedor das críticas, que esta coisa aborrecida do futebol só atrapalha mesmo, sobretudo, quando existem intenções e orientações assumidas que estimulam o abandono e o desprezo da componente desportiva, que em choque frontal com uma visão puramente mercantilista e empresarial que foi imposta à força no Benfica, cujos cânticos e os aplausos pelos golos foram substituídos pelos encantos de inaugurações de obras megalómanas.
É bem mais fácil promover e implementar, por despacho normativo da vaidade pessoal, a política do betão do que ter de explicar, tijolo a tijolo, os sucessivos falhanços na Champions League, que sendo a única verdadeira montra que dá prestígio e dinheiro na Europa, aburguesadamente estamos a desaproveitá-la em toda a linha, vendo o comboio a passar a alta velocidade por nós, convencidos os que gerem as finanças do clube de que a bóia de salvação virá de um arremedo de factoring ou de marketing doméstico capazes de despertar os olhares e os investimentos internacionais, através de parcerias e protocolos inócuos e inconsequentes, sejam eles feitos através de startup’s ou web summit’s improfícuas, ou de academias e laboratórios de recuperação made in Seixal, sempre gabados e publicitados exaustivamente, porque realisticamente a intenção é para vender e não para dele se extrair qualquer ganho desportivo.
Nem há como explicar, que em anos consecutivos, esta mesma direcção decalque e repita, por desmazelo e incompetência, os mesmos erros de análise no que toca à contratação de jogadores, e que depois dos desvarios cometidos com Castillo e Ferreyra, Lema e Conti, descobertos, quiçá, por um scouting que não acerta uma, cheguem RDT e Vinícius, trazidos e inflacionados pela mão de Jorge Mendes, por 37 milhões de euros, em que o espanhol, pelo que mostrou até hoje, já não se livrará do rótulo de flop e que o brasileiro, com os golos que vai marcando, dissipará ou não, todas as dúvidas e desconfianças que recaiam sobre si.
E quando se diz levianamente de que a solução está no que se produz no Seixal, quando ali nem sequer se têm produzido avançados e nem tão pouco detectá-los com sucesso no mercado para colmatar esta lacuna da formação, depois o que sobra para o treinador, quando sobretudo não se demarca do discurso vindo de cima, é o improviso e a invenção de plantéis com a matéria-prima de que dispõe, quando não foi audaz a pedir os jogadores que necessitava, bem patente nas exibições anémicas e confrangedoras que a equipa tem produzido, não só lá fora como cá dentro, que ainda assim só nos custou uma derrota para o campeonato, porque a nossa Liga é muito fraca e pouco competitiva.
Não vencer a Liga dentro de portas é intolerável e inaceitável, até porque esta estrutura gaba-se desalmadamente que está 10 anos à frente da concorrência, com a benesse acrescida de uns estarem intervencionados e outros praticamente falidos, e com dinheiro para investir que outros não têm, e voltarmos a claudicar, como aconteceu há dois anos, seria de todo imperdoável, e aí, esta direcção teria que assumir as responsabilidades e as consequências por mais um desaire.
A intenção de ir ao mercado em Janeiro, é um sintoma claro de que se voltou a falhar por opção e teimosia, correndo-se riscos desnecessários que agora, e já tarde, se tentam reparar, quando uma política de poupanças, dá por norma maus resultados, e ao contrário do que pensa DSO, eu prefiro que o Benfica contrate craques, ainda que desestabilizem o balneário, do que contratar flops, que por bons balneários que façam, não farão, todavia, boas equipas.
Amo-te, Benfica!
José Reis