Bruno Lage continua a inventar com a mesma facilidade com que, porventura, cria histórias infantis para adormecer o filho.
E ontem, em mais uma exibição confrangedora, e novamente em casa, este Benfica mostrou mais uma vez as suas carências e lacunas, num plantel com muita gente que devia ter saído e não saiu, e com alguma gente, que fizesse a diferença pela qualidade, que devia ter entrado e não entrou.
O treinador não será o maior culpado, nem sequer o único, por esta incapacidade revelada de atacar o mercado atempadamente com algum critério de escolha, deixando-se antes, enredar na teia entorpecente que a direcção lhe urdiu à sua volta, sem qualquer arrufo de contestação, antes pelo contrário, aceitando de ânimo leve e sem barafustar tudo o que lhe davam.
E a mensagem, insidiosa e maldosa, foi passando sorrateiramente com o único intuito de culpabilizar e responsabilizar o treinador, que será sempre o que sofrerá as consequências de uma possível imolação.
Ao aceitar como aceitou Bruno Lage, que em seu nome se dissessem frases assassinas e maldosamente intencionais, só para o comprometerem e tramarem, no caso de alguma coisa correr mal, como do género: “o treinador decidiu fechar o mercado, quando o presidente até estava na disposição de lhe dar mais um avançado”, ou “ao treinador foram-lhe dadas todas as condições para construir um bom plantel”, ou ainda que, “a competitividade interna (então e a externa?) pedida por Bruno Lage está assegurada”.
Quando na verdade, o treinador quis um guarda-redes, e não veio e ontem, num lance que ocorreu no jogo, Vlachodimos correu sérios riscos de se ter lesionado, mas isso não conta.
- Quis um defesa direito e também não veio, porque Ebuehi é uma carta fora do baralho, e teve que andar a fazer experiências com o Nuno Tavares, e agora foi obrigado(?) a meter à pressa o Tomás Tavares, só para se deixar a ideia nos adeptos de que existem soluções no plantel;
- Quis um médio distribuidor de ligação, e não veio, para agora andar a disfarçar a ausência de Gabriel, com Samaris ou Taarabt (contabilizem-se as perdas de bola do marroquino, no jogo de ontem, junto à nossa área, e está tudo dito) nunca serão soluções, mas apenas recursos, o que é bem diferente, e ainda que queiram dourar a pílula, dizendo que o Adel tem sido ultimamente o melhor em campo, isso apenas é um indicador da pobreza franciscana do nosso plantel.
Resumindo, Bruno Lage queria dois bons jogadores para cada posição, e isso, de maneira alguma, nunca lhe foi oferecido, e o resultado e a exibição contra o Leipzig é bem demonstrativo disso mesmo.
Já andava desconfiado, mas fui-lhe dando algumas tréguas de tolerância, que é assim que se deve proceder quando queremos analisar alguém, mas contra os alemães dissipei todas as minhas dúvidas.
Raúl de Tomás ou RDT (Real Desperdício Trazido), é efectivamente mais um flop que chegou ao Benfica com a tarimba de Jorge Mendes, e apesar da sua estampa física, não ganhou um lance aos defesas, nem nas primeiras nem nas segundas bolas, pensa mais em si do que na equipa, desgasta-se facilmente, anda de rosto fechado e nota-se que não anda feliz, e este enorme jejum de golos ainda mais fazem acentuar a sua falta de qualidade, pese embora a sua generosidade.
O saudoso presidente João Santos, que chegou à presidência do Benfica em 1987, e prometeu, durante a sua campanha, pôr novamente o Benfica no topo europeu, e cumpriu de tal forma, que fomos às finais da taça dos campeões europeus em 1988 e 1990, infelizmente perdidas, mas estivemos lá, onde muitos agora se pavoneiam um dia também querer estar, mas isso era no tempo em que havia homens de palavra e que levavam muito a sério tudo aquilo que prometiam.
Amo-te, Benfica!
José Reis
(Retirado de NGB)
(Benfica ate debaixo d'agua.)