Quando outrora o professor Marcelo Caetano usava os famosos serões de “conversas em família”, como pretexto para vir à televisão sossegar e tranquilizar os portugueses, para também, no fundo, dissuadi-los do mínimo laivo de contestação contra o estado novo, estaríamos longe de imaginar, que passados todos estes anos e usando o mesmo método marcelista, sempre que achar oportuno, LFV recorra também ele aos bons ofícios das câmaras de televisão para dar uma série de “entrevistas combinadas”, sobretudo em vésperas de assembleias, para falar sobre o actual estado do clube, por forma a diminuir o eco das críticas à sua liderança, vindas de benfiquistas mais acutilantes e contundentes que se lhe opõem e que não se deixam iludir pelos pregões fáceis da venda da banha da cobra.
Nestas aparições, que se vão tornando corriqueiras e habituais, LFV nunca muda de registo e é sempre igual a si próprio, vestindo amiudadas vezes, a pele de um merceeiro de contas mentirosas, onde gosta de exibir e amplificar os lucros da sua gestão até ao exagero e de sonegar os prejuízos até ao limite da indecência, falando dos dinheiros do Benfica com tal ligeireza e leviandade como se fossem seus, fazendo deles o que lhe der na real gana, sem qualquer critério de rigor ou de responsabilidade nos seus gastos e aplicações, ao ponto de comprar jogadores que não conhece dentro de um avião, porventura ainda sob o efeito do “jet lag”, como quem vai ali à feira da ladra comprar um relógio sem ponteiros ou um par de sapatos sem atacadores.
Se dúvidas ainda persistissem, até pelo caricato destes relatos contados ao vivo, o presidente LFV, e isso é ponto assente, é um homem que não percebe patavina de futebol e muito menos de negócios que tragam mais valias para o Benfica, porventura dossiers que não domina e abomina ter que estudá-los ou examiná-los, tal é a sua impreparação e ignorância, necessitando sempre de se rodear dos abutres conselheiros para o ajudar, que vão de Paulo Gonçalves a Jorge Mendes, e de uma equipa de scouting, que agora veio-se a saber é composta por 7 elementos da vida airada, que devem ser tão competentes e capacitados que até propõem a compra de jogadores, que depois aconselham a ceder, para voltarem a recomprar, como foram os casos mais recentes de Alfa Semedo e Chiquinho, e como se isso ainda não bastasse (será apenas mera coincidência?), só descobrem flops e pernas de pau no mercado.
Mas a mentira da noite foi quando LFV disse, com aquele ar cândido e angélico, que tanto o caracterizam, de quem nos está a espetar uma faca nas costas, que a contratação do brasileiro Vinícius não teve nada a ver com Jorge Mendes(?).
Homessa! Tem tudo a ver, até o inflacionamento do jogador para os 17 milhões de euros, tanto mais, que logo a seguir se descaiu na falsidade quando reconheceu que estava acompanhado do empresário da moda quando esteve reunido com a direcção do Nápoles, mas que ele não interveio nas negociações(?). Olhe que sim!… olhe que sim!...
A insistência na alteração do nosso símbolo, com a falácia de ser uma proposta do departamento de marketing para vincar a nossa internacionalização(?), traz água no bico e temos de estar muito atentos aos próximos capítulos sobre o tema, não permitindo que se cometa qualquer heresia de lesa-clube à nossa maior identificação colectiva.
O projecto europeu, como ficou bem explícito, não é para ser levado a sério, e se ainda não morreu, estará porventura, em estado de coma induzido permanente, tal é a falta de vontade e de empenho revelados pelo próprio, que pela conversa fiada gasta, nunca será um objectivo palpável, quanto muito uma mera intenção balofa insuflada de ar.
É que para se ser presidente do Benfica, não basta colocar uma simples gravata vermelha ao pescoço, e muito menos se aceitará que seja ou se transforme, num complacente e domesticado cicerone de visitas guiadas à academia de formação do Seixal, a facínoras como Vítor Catão ou a outros patifes e canalhas da mesma estirpe.
Era o que faltava!...
Amo-te, Benfica! José Reis