Esta coincidência irritante de o Benfica vir sempre em socorro do clube dos mafiosos quando este está na mó de baixo e Sérgio Conceição, à sua maneira, decide partir a loiça toda, anunciando tempestades e crispações por desgaste e saturação pelos anos que já leva de dragão ao peito, ora por culpa de uma administração que vai fazendo orelhas moucas aos seus pedidos e reivindicações, ora por conspiração dos jogadores, que já não estão para o aturar e já nem fazem aquilo que o treinador lhes manda fazer, como aconteceu no jogo frente ao Liverpool, em que a goleada humilhante sofrida em casa fez disparar todos os alarmes e tocar a rebate os sinos da Torre dos Clérigos, numa convulsão interna que tinha tudo para dar certo, isto é, para despoletar uma crise com contornos ainda por descobrir e avaliar.
E digo tinha, porque já não tem, mais uma vez com voluntariosa e prestimosa ajuda do Benfica que após o brilharete com o Barcelona para a Liga dos Campeões, achou por bem ceder escandalosamente 3 pontos em casa, e logo perante o Portimonense, mais conhecido nas tertúlias e nos bastidores das congeminações como o Porto B lá do sítio, agora que as coisas estavam a correr imaculadamente bem para o Glorioso, decidiu lançar uma OPA hostil em pleno Estádio da Luz, ainda por cima bem composto de adeptos, como se fosse uma bomba, não a de Nakajima, mas a de Hiroshima.
Esta benevolência, diria quase samaritana, com que o Benfica se põe a jeito e se disponibiliza para ajudar os seus rivais a superarem dificuldades e tempos mais conturbados que possam estar a atravessar, surge sempre a Madre Teresa, não a de Calcutá, mas a da Luz, a proteger os pobres diabos do Porto e do Sporting de eventuais estados de falência e desespero, sobretudo durante a vigência de LFV, onde essa assistência misericordiosa se repetiu e se tornou numa norma, bastando relembrar quando o Benfica abdicou de ganhar o penta para salvar o Porto ou quando o Benfica prescindiu de ganhar o campeonato da época passada para salvar o Sporting.
A mesma condescendência parece manter-se, infelizmente, com Rui Costa, quando um dos primeiros actos de gestão que pretende levar por diante, caso venha a vencer as eleições, é renovar contrato com Jorge Jesus e ceder aos interesses da centralização dos direitos televisivos, que tanto num caso como noutro, só irão prejudicar desportiva e financeiramente o Benfica.
E se a tal dita e maldita centralização dos direitos televisivos é como já aconteceu, que em duas jornadas da Liga dos Campeões, o Porto já teve dois jogos transmitidos em sinal aberto (TVI), em Madrid com o Atlético e no dragão com o Liverpool, enquanto Benfica e Sporting ainda não tiveram essa benesse, pergunto se é esta já uma pequena amostra daquilo que possa vir a ser a futura centralização dos direitos televisivos?
Então se é, que a metam no sítio que mais lhes aprouver e mais lhes satisfaça, mas não andem é a gozar e a aproveitar-se da popularidade do Benfica, que é o único clube português que tem shares de audiência competitivos, enquanto os outros se querem apenas aproveitar deles para poderem ganhar o que com as suas insignificâncias e irrelevâncias nunca conseguiriam alcançar.
A poucos dias das eleições no Benfica, esta derrota caseira não podia vir em pior altura, e se ela coincidiu com o fim do estado de graça de Rui Costa, não meteu graça nenhuma, e entre um candidato a vencedor que suscita muitas dúvidas e perplexidades e um candidato a perdedor que já meteu os pés pelas mãos nas anteriores, e em ambos os casos já se sabe do que é que a casa gasta, o panorama opcional que os Benfiquistas vão ter pela frente não é nada famoso e até é preocupante, pois a sensação que dá, é que após uma rotunda de asneiras que foi o consolado de Vieira, vamos entrar agora num beco sem saída por mais 4 anos?
Se Lisboa teve capacidade e vontade para mudar, contra o que era suposto, o Sport Lisboa e Benfica não tem?
Amo-te, Benfica!
José Reis
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