Nesta estranha quadra natalícia, a primeira das nossas vidas sob o efeito trágico de uma terrível pandemia, que parece ter vindo para ficar e matar, se entretanto não formos capazes de alterar e responsabilizar os nossos comportamentos em sociedade, apesar do advento anunciado e apressado da vacina salvadora, que não chegando para todos e sendo recusada por muitos, corre-se o risco de tudo ficar na mesma, e nesta autêntica roleta russa pela sobrevivência humana, continuaremos dependentes dos bons ofícios e dos circunstancialismos da sorte ou da falta dela.
E se a logística do pai-natal nunca falha, quando é requisitado por carta pela ingenuidade das crianças que ainda têm o direito de sonhar, com um velho de barbas brancas e compridas, a conduzir um belo trenó, puxado por renas ágeis e velozes, carregado de presentes para distribuir, vindos da Lapónia, e que impreterivelmente chegarão às nossas casas na noite gelada de 24 para 25 de Dezembro, pela chaminé ainda fumegante das consoadas em família.
Porém, este mundo idílico das crianças acaba quando se desembrulha o último ou o único brinquedo, e a agitação da felicidade desarrumada por casa, cede ao cansaço do sono tranquilo, e nós, os adultos, momentaneamente imbuídos neste espírito de magia, espreitamos de repente lá para fora, através da vidraça da janela, para confirmar se os campos estão cobertos de neve, como vêm nos postais de boas festas, ou se descortinamos no chão as pegadas do último transeunte da noite que, ainda antes de se recolher, formula um desejo às estrelas cintilantes do céu.
Afinal, a simbologia e tradição do presépio ou do pinheiro de Natal ainda iluminam e consertam, nem que seja de uma forma fugaz e efémera, neste obrigatório dia, o lado humilde e humano em contraponto ao egoísmo e à arrogância.
No fundo, no fundo, quantos Benfiquistas descrentes e magoados, mas ainda assim obstinados em não desistir, meteram no sapatinho da chaminé o desejo escondido, quase que implorado, de ver o Benfica recompor-se, voltar a ser igual a si próprio e jogar finalmente alguma coisa que se veja.
Não está fácil, e esse desejo resiliente parece ser mais pequeno e frágil do que o tamanho ciclópico que temos pela frente em conseguir mudar as coisas.
A representação do presépio que temos hoje na Luz, está completamente disfuncional e abandalhado, e não tem dado esse desafogo de tranquilidade e confiança de que tanto reclamam e mereciam os adeptos.
E se é certo que o Benfica já tem o Jesus, não o que foi deitado sobre as palhinhas da manjedoura, mas o empertigado, e petulante treinador, convencido que lá por ter ganho um Brasileirão e uma Libertadores em terra de cegos, que isso lhe conferia currículo suficiente para regressar todo inchado ao Glorioso.
Estava e está muito enganado.
E olhando para as tristes figurinhas de barro, que são LFV, DSO e Rui Costa, e que representam em si os três reis magos, que guiados pela estrela dos disparates e dos equívocos que vão acumulando, vêm com a missão confiada de ofertar a Jesus, não ao de Nazaré, mas ao da Porcalhota, não ouro, incenso e mirra, como contam os pergaminhos antigos, e mais uns 100 milhões de euros que entretanto se perderam pelo caminho, por excesso e mal acondicionamento de carga, montados em camelos bem apropriados, que os suportam sobre os lombos por mais 4 natais adiante, mais preocupados e assustados ficamos com o que possa ainda vir por aí.
É caso para dizer e ajuntar, que este terror de presépio foi o que os Benfiquistas escolheram e, para que ele fique completo, já só falta mesmo a “vaca” da Cristina, essa mesma que se destrambelhou em directo num estúdio de televisão, para gáudio das audiências de uns quantos parvos que, da mesma forma que patrocinam a imbecilidade humana, também existem por aí uns burros jeitosos albardados que ainda acreditam no pai-natal e em LFV.
Amo-te, Benfica!
José Reis