Num curto espaço de tempo, que mediou a meia época passada e o início desta, Bruno Lage não parece o mesmo, e de um treinador que chegou ao Benfica muito seguro e convicto naquilo que estava a fazer, deparamos agora com um treinador cheio de dúvidas e equívocos, que parece agir pelo impulso das meras intuições, que no presente já lhe têm dado alguns dissabores, que de certa forma estarão a manchar o que de bom já fez e conquistou.
Se a aposta num 4x4x2, com João Félix a assumir um papel fundamental nesse desenho táctico, não mereceu qualquer contestação, e a prová-lo a campanha quase imaculada que conseguiu adregar, já o mesmo não se pode dizer quando pretende fotocopiar para esta época os mesmos princípios de jogo, não tendo ninguém na equipa igual ou parecido com o “puto maravilha”, quando RDT, sendo até agora, mais um problema que uma solução para o conjunto, veio confundir e baralhar as contas de um futebol criativo, rápido e fantasista, que se exprimia num bom futebol com goleadas umas atrás de outras, o que sentimos é que tudo isso se perdeu e esboroou, e o que prevalece agora é a previsibilidade que não desencalha, a monotonia da lentidão que estagnam todos os processos de fluidez, e como, o que ainda é mais caricato, se insiste na medicação errada para a cura dos sintomas da doença, que já alastrou às bancadas, donde já partem os primeiros avisos de contestação e de insatisfação pelo rumo que as coisas estão a tomar, não adiantando depois, tentar tapar os buracos com remendos, recorrendo já em desespero de causa, como já se tornou hábito, ao mercado de Janeiro, que pelo andar da carruagem, pode vir a ser fatalmente tarde, por total incúria e leviandade desta direcção que mais uma vez não soube agir atempadamente e com critério.
Bruno Lage, não pode vir, de ânimo leve, dizer que está satisfeito com o plantel que tem à disposição, quando sabe que tem uma carência já antiga, no lado direito da defesa, que a lesão de André Almeida e a inutilidade de Ebuehi, tornaram mais visível, recorrendo à invenção e a experiências de laboratório, quando tenta disfarçar o óbvio com o envio de Nuno Tavares, um esquerdino puro, para esta posição, num jogo sempre importante e decisivo, na caminhada para o título, que disputamos em casa contra os mafiosos do norte, e que perdemos.
Nem tão pouco chegar ao primeiro confronto da champions League, e desatar a fazer disparates, só porque lhe apetece, quando retira da equipa Rafa e Seferovic para o banco, dando a titularidade a Fejsa, Cervi e Jota, tendo o desplante e a lata de afirmar que este era o melhor onze para esta partida(?).
Depois, por ironia das ironias, teve que engolir a sua arrogância, e só após a entrada em campo de Rafa e de Seferovic, foi possível sacudir um pouco a apatia geral da equipa, estando os dois jogadores, um na assistência e o outro na finalização, no único golo marcado frente ao Leipzig. Que os mesmos jogadores, depois da desfeita e da provocação que Bruno Lage lhes fizera no jogo de terça-feira, novamente por ironia das ironias, a contribuírem decisivamente para a cambalhota no mercador em Moreira de Cónegos, transformando uma derrota já anunciada, numa vitória sofrida, arrancada a ferros.
E se alguém pensaria que o erro de casting que foram as contratações de Castillo e Ferreyra era impossível de voltar a acontecer pela mão da tal estrutura 10 anos à frente do sol, ele repetiu-se de igual forma e com mais estrondo, nas aberrações de RDT e Vinícius, num desperdício inopinado de 37 milhões de euros, deitados ao lixo, sem recuperação.
Afinal, Bruno Lage, quem é que está a deixar queimar as batatas-fritas?
O Seferovic, que segundo reconhece, até marca golos, ou o RDT (Real Desperdício Total), que por muito que agite a embalagem do ketchup já não sairá nada dali, pois ela está vazia de tantas promessas e expectativas?
Amo-te, Benfica! José Reis