É uma guerra silenciosa.
Sem o troar de armas ou de bombas, de rockets ou de mísseis.
Todos os dias, aos hospitais de vanguarda, não chegam feridos estropiados mas vitimas contaminadas que entram sem saberem como dali vão sair, apanhados não por uma qualquer bala perdida, mas por um vírus que os acabou por encontrar e infectar, no corrimão de uma escada ou nos botões de um elevador, ou até mesmo num encontro casuístico de uma qualquer esquina.
Não há gritos lancinantes de dor ou feridas abertas e dilaceradas a jorrar sangue. Apenas o sortilégio de uma sentença de vida ou de morte.
Se és jovem e saudável as probabilidades de escapares com vida aumentam, mas se és idoso e com doenças crónicas associadas, poderás vir a figurar no obituário anónimo dos que não resistem, que se contabilizam já numa extensa lista, cruel e impiedosa, ao ritmo das carências e insuficiências dos hospitais, sem mãos a medir, cada vez mais abarrotados sem dar tréguas, na linha da frente de combate, com todos os profissionais de saúde extenuados, à beira de um colapso físico e mental.
As ruas estão agora desertas e as cidades fantasmas esvaziam-se pela imposição do medo e da angústia.
As casas são agora as trincheiras temporárias de uma retirada estratégica e absolutamente necessária.
As ordens são para saídas rápidas e que se considerem imprescindíveis. Qualquer encontro humano é de evitar ou então manter o distanciamento social preconizado e aconselhado, nesta desumanização fria e insensível a que fomos condenados.
Esta é uma guerra silenciosa. Sem vozes de comando ou planos de logística e não ser os que vêm da nossa própria consciência comportamental.
A prevenção e o bom senso são quem nos orientam pelos intrincados labirintos da nossa resistência e sobrevivência, porque o inimigo mantém-se escondido e invisível, preparando o seu ataque maciço e letal de propagação.
Enquanto não chega a vacina salvadora e libertadora, o surto vai crescer e expandir-se tremendamente, neste jugo trágico que nos mantém reféns de uma ameaça sem rosto e sem previsão do tempo de duração e dos danos e consequências que nos possa causar.
As economias irão asfixiar, haverá o estrangulamento de empresas e empregos, em mais uma crise que afectará toda a humanidade e por muita vontade que se deposite novamente no futuro, a sensação que dá é que tudo vai começar do zero e as expectativas ficam todas em suspenso, porque o dia de amanhã voltará a ser uma incógnita assustadora.
Mesmo que a Primavera volte a despontar e a florir, com as suas cores e fragrâncias infinitas e as andorinhas estejam de volta para cumprirem o seu ritual chilreado, perguntamo-nos se apenas falhámos nós, quando não nos damos conta de que a paciência e a resiliência da Terra perante os nossas constantes falhas não é infinitamente tolerável? Talvez aprendamos com o tempo que já não temos tempo para aprender.
Gastámo-lo inutilmente e em vão em questiúnculas menores e acessórias e deixámo-nos arrastar pelas correntes dominantes do pensamento de hoje que formatam e legalizam os disparates e os desvarios que cometemos e autografamos.
Desconjuntamo-nos facilmente pela nossa insensatez humana, que nos provoca e desconvoca das nossas responsabilidades e atitudes, jogadas borda sempre que chamados a explicar os nossos comportamentos cívicos.
É urgentemente e necessária uma mudança de políticas e de mentalidades, por forma a garantirmos um planeta vivo e sustentável, como nos deixaram os nossos antepassados, sem redes sociais, mas com rios e mares limpos, sem globalismos e consumismos desenfreados, mas com florestas e fronteiras protegidas.
Como vamos explicar aos avós, que por agora e de momento, não podem abraçar e estar com os seus netos? Será esta desumanização imposta à força o princípio da nossa própria extinção?
Ficarão cá por nós apenas as flores silvestres dos campos e as aves exuberantes do paraíso.
Valha-nos isso!
José Reis
Sem o troar de armas ou de bombas, de rockets ou de mísseis.
Todos os dias, aos hospitais de vanguarda, não chegam feridos estropiados mas vitimas contaminadas que entram sem saberem como dali vão sair, apanhados não por uma qualquer bala perdida, mas por um vírus que os acabou por encontrar e infectar, no corrimão de uma escada ou nos botões de um elevador, ou até mesmo num encontro casuístico de uma qualquer esquina.
Não há gritos lancinantes de dor ou feridas abertas e dilaceradas a jorrar sangue. Apenas o sortilégio de uma sentença de vida ou de morte.
Se és jovem e saudável as probabilidades de escapares com vida aumentam, mas se és idoso e com doenças crónicas associadas, poderás vir a figurar no obituário anónimo dos que não resistem, que se contabilizam já numa extensa lista, cruel e impiedosa, ao ritmo das carências e insuficiências dos hospitais, sem mãos a medir, cada vez mais abarrotados sem dar tréguas, na linha da frente de combate, com todos os profissionais de saúde extenuados, à beira de um colapso físico e mental.
As ruas estão agora desertas e as cidades fantasmas esvaziam-se pela imposição do medo e da angústia.
As casas são agora as trincheiras temporárias de uma retirada estratégica e absolutamente necessária.
As ordens são para saídas rápidas e que se considerem imprescindíveis. Qualquer encontro humano é de evitar ou então manter o distanciamento social preconizado e aconselhado, nesta desumanização fria e insensível a que fomos condenados.
Esta é uma guerra silenciosa. Sem vozes de comando ou planos de logística e não ser os que vêm da nossa própria consciência comportamental.
A prevenção e o bom senso são quem nos orientam pelos intrincados labirintos da nossa resistência e sobrevivência, porque o inimigo mantém-se escondido e invisível, preparando o seu ataque maciço e letal de propagação.
Enquanto não chega a vacina salvadora e libertadora, o surto vai crescer e expandir-se tremendamente, neste jugo trágico que nos mantém reféns de uma ameaça sem rosto e sem previsão do tempo de duração e dos danos e consequências que nos possa causar.
As economias irão asfixiar, haverá o estrangulamento de empresas e empregos, em mais uma crise que afectará toda a humanidade e por muita vontade que se deposite novamente no futuro, a sensação que dá é que tudo vai começar do zero e as expectativas ficam todas em suspenso, porque o dia de amanhã voltará a ser uma incógnita assustadora.
Mesmo que a Primavera volte a despontar e a florir, com as suas cores e fragrâncias infinitas e as andorinhas estejam de volta para cumprirem o seu ritual chilreado, perguntamo-nos se apenas falhámos nós, quando não nos damos conta de que a paciência e a resiliência da Terra perante os nossas constantes falhas não é infinitamente tolerável? Talvez aprendamos com o tempo que já não temos tempo para aprender.
Gastámo-lo inutilmente e em vão em questiúnculas menores e acessórias e deixámo-nos arrastar pelas correntes dominantes do pensamento de hoje que formatam e legalizam os disparates e os desvarios que cometemos e autografamos.
Desconjuntamo-nos facilmente pela nossa insensatez humana, que nos provoca e desconvoca das nossas responsabilidades e atitudes, jogadas borda sempre que chamados a explicar os nossos comportamentos cívicos.
É urgentemente e necessária uma mudança de políticas e de mentalidades, por forma a garantirmos um planeta vivo e sustentável, como nos deixaram os nossos antepassados, sem redes sociais, mas com rios e mares limpos, sem globalismos e consumismos desenfreados, mas com florestas e fronteiras protegidas.
Como vamos explicar aos avós, que por agora e de momento, não podem abraçar e estar com os seus netos? Será esta desumanização imposta à força o princípio da nossa própria extinção?
Ficarão cá por nós apenas as flores silvestres dos campos e as aves exuberantes do paraíso.
Valha-nos isso!
José Reis