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Um novo ciclo para o Benfica (1)

   As circunstâncias em que ocorreu o fracasso do penta campeonato, corolário de uma gestão desportiva atabalhoada da equipa principal de futebol, levaram-me a rever, ainda que sumariamente, as principais realizações efetuadas no clube-SAD na última década e meia, grosso modo.

   Reconhecendo a notável recuperação efetuada e os largos créditos devidos à Presidência atual, considero que o Sport Lisboa e Benfica carece, atualmente, de recentramento do seu projeto em termos globais, e, em especial, o da área do futebol; o propulsor de todos os outros.

   No percurso no período em causa merece especial relevância a qualidade da formação alcançada no futebol, a expansão das modalidades, a preservação e divulgação do património desportivo, a intervenção social e a diversificação das fontes de financiamento.

   De facto, a qualidade da formação no futebol tem superado, largamente, as expetativas mais otimistas, lançando uma boa mão cheia de jogadores de alto nível a proporcionarem excelentes retornos financeiros e desportivos e a difundirem a imagem institucional do clube além-fronteiras. 

  Atuando em todas as modalidades coletivas de pavilhão foi brilhante a ascensão que se verificou nalgumas delas - hóquei, basquete, futsal e voleibol -, recuperando posições quando os rivais pareciam inamovíveis e mantendo-as durante períodos consideráveis.

   Nas modalidades ao ar livre o feito histórico radica no atletismo, onde se destronou o principal e histórico rival, e na consolidação do projeto, do qual se destacam as disciplinas de velocidade, meio-fundo, lançamento do peso, triplo salto e triatlo.

   A execução do museu, uma aspiração eternamente adiada das Direções precedentes, assume caráter relevantíssimo enquanto memória perene e instrumento de difusão da história e cultura do clube, revendo histórias, catalogando, recuperando e expondo troféus, alguns dos quais se encontravam em degradação e, ou, semiperdidos.

  Um justo tributo aos que contribuíram para o engrandecimento do clube e um incentivo para os novos construtores de memórias.

   Na área social é uma enorme satisfação constatar o impacto que tem sido obtido junto de centenas, milhares de jovens, por parte da Fundação Benfica, mudando comportamentos, suscitando maior envolvimento daqueles com a escola e com a família. Uma demonstração inequívoca da dimensão social e humana que um desporto, tantas vezes aviltado e ostracizado como o futebol, encerra.

   Porém, em todo o trajeto deste período verifico, em vários momentos, uma discrepância vital com a cultura do grande Benfica a que me habituei, assim:

   O Estádio: 
   Salvaguardando eventuais deficiências estruturais ou constrangimentos económicos associados ao velho Estádio, que desconheço, considero ter-se cometido um erro grave com a sua demolição.

  Era o primeiro grande pilar do benfiquismo; único, grandioso, palco de grandes feitos desportivos, amado pelos benfiquistas, admirado e temido pelos grandes adversários.

  Perante as fracas assistências que se verificavam à época, optou-se pela construção de um estádio mais pequeno, relativizando a visão de outros dirigentes e ex-dirigentes, como Fernando Martins, segundo a qual não era o estádio que era grande mas a equipa que era pequena.

  Curiosamente, cerca de 15 anos e 400 milhões de euros depois, concluiu-se que, afinal, o estádio modular, estandardizado, é pequeno! Ou seja, não se percebeu a grandeza social do clube, com a agravante de se ter gerado um endividamento inibidor da competitividade da equipa principal de futebol, razão da ausência de títulos durante mais de uma década.

   Recordo que, à época, havia um projeto de requalificação do velho estádio, da autoria de Tomás Taveira, no valor de 4 milhões de contos - cerca de 20 milhões de euros!

  O passivo do Benfica seria da ordem dos 2 milhões de contos - cerca de 10 milhões de euros - e havia garantido um financiamento de cerca de 20 milhões contos - cerca de 100 milhões de euros. Não creio que Taveira se tenha envolvido num projeto condenado ao fracasso.

  Contas saldadas, restariam cerca de 70 milhões de euros para investir de imediato na equipa principal de futebol.

  Que teria acontecido? Mais competitividade, mais títulos? Nunca saberemos!

  A Doutrina:
 Justificou-se a longa travessia do deserto - de títulos - com a necessidade de reestruturação económica e financeira do clube e de modernização e expansão das suas infraestruturas desportivas.

  Cerca de uma década depois, chegado o ciclo das vitórias, ante o fracasso do penta-campeonato e as miseráveis prestações sucessivas na Liga dos Campeões, desdramatizam-se as derrotas, aludindo, ora à necessidade de vitórias dos rivais, ora às discrepâncias orçamentais relativamente aos adversários europeus, e, pasme-se, aos maus hábitos dos adeptos!

  A determinação inquebrantável de vitória foi substituída pelo conformismo; “…que não podemos ganhar sempre…,que é preciso saber perder….,que temos que dar valor aos adversários….,que ganharemos mais tarde…., que somos diferentes….!

(continua...)

Peniche 22 de Outubro de 2019
António Barreto





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